domingo, 23 de novembro de 2008

Um monstro dentro de mim.

A noite ele escapa. E me domina, totalmente. Ele se mostra no espelho, ele se mostra na minha voz fraca, em meus olhos e diz coisas. Eu fecho os olhos, e estamos sozinhos. Eu, ele e a escuridão. Não tenho medo dele, em si. Só do que restara de mim. Que parte de mim quer ser igual a ele, que parte de mim já não se tornou um pouco dele.
Se eu me entregasse e aceitasse seria menos doloroso? Abaixo minhas mãos, eu retiro meus pedidos ao céu, que alivie essa dor. E procuro encontrar o meu limite. Talvez, isso liberte e me torne humano novamente. Talvez, no último segundo eu sinta a dor, eu sinta as lagrimas presas, eu seja capaz de não pensar mais. Seja expontanêo. Seja mais uma vez, comum.

De dia eu visto, atoa, uma nova mascára. Como se eu pudesse enganar eu mesmo. Como se o sol ainda pudesse aquecer, algo aqui. O vazio, a indiferença e todo o frio que existe dentro de mim, agora me contornam. Me protejem, me pretendo nesse casulo.
Me vejo sem saídas, sangrar de fora pra dentro, não parece muito útil. Mas pelo menos eu teria marcas visíveis para mostrar e igualar com as outra, escondidas. Pelo menos eu poderia sair na rua sem segredos. Visivelmente, frágil. Humano. Sofrido.

Há um monstro dentro de mim. E ele grita. Ele grita por vida.
E a parte de mim que o protege é mais forte do que qualquer outra. E os meus limites vão muito mais longes do que qualquer força que eu possa ter para quebrá-los.
Há um monstro dentro de mim. Ele tem nome. Ele tem fome.
E eu não sei se seria mais fácil apenas viver assim. Ou se eu gosto de pensar que seria. Eu só sei que ele não se afasta jamais. Mas temo de um dia, ele não me incomodar mais, de me deixar sozinho. De um dia ele se tornar necessário.

De noite ele escapa.
E não falta muito para o sol, que não me aquece, me abandonar.
De noite ele me encontra.
E então, eu faço mais marcas, tentando quebrar meus limites.
Mas no fundo eu sei.
Eu sempre soube.
Você já faz parte de mim, e eu não posso matá-lo, sem morrer junto.

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