Só de pensar que a cada vez que desperdiço o pouco de tempo que nós temos, falando sobre mim, nós poderiamos falar mais sobre você. Isso faz querer me calar eternamente.
Por mais que eu tente expressar isso. O som que saí da sua boca é o único esconderijo que me restou, mesmo quando não posso ouvir, eu o recrio. Eu o invento. Eu o relembro.
Dizem que eu me enlouqueci e todos tem perspectivas erradas sobre mim. Mas eu não me importo, ao meu lado, no banco vazio, te recrio. Tua imagem, tão fiel a minha lembrança e a tua voz, teu timbre, tuas expressões. Oh, eu posso te sentir, mesmo estando milhas e milhas daqui. Eu crio e te recrio, todas as noites em que preciso encontrar um jeito de suportar mais um despertar sem ti.
Talvez, enlouqueci. Além de falar sozinho, agora ouço suas respostas. É um diálogo bizarro, assumo. Mas é vital. E a cada dia, ele se expandi mais. Eu te conto o meu dia e você me conta o seu, sem pressa. Penso em me calar só pra te ouvir um pouco mais. Não a nada que eu queria acrescentar, não há nada que eu sinta que valha a pena te interromper. A minha cura está bem ao meu lado, a sua voz.
E quando eu voltar pra casa,
aceitarei o teu defeito de esquecer que gosta de mim. Mesmo que a realidade não me digas as mesmas coisas doces que eu recriei, ainda sim, eu prefiro ouvir a versão original sua, a imperfeita, a humana, a que não posso controlar. Improvisso então, um novo plano. Caso isso me mate, eu eu também me canse de ser tão paciênte e sonhador irei me encontrar com minha mente, e recriarei um novo final. Um novo lugar.
Eu sou capaz.Encontro em mim seu sorriso. Recrio também o cheiro da primavera, do gosto daquele ano, mas acho que não sou capaz, nem digno de recriar o seu jeito. Nem sua risada. Eu não sou puro o bastante, eu não mereço sentir essas coisas, se não sou homem para estar ao seu lado. Se não sou capaz de enfrentar minhas fraquesas. Eu me levanto, tropeço e continuo caindo nos seus braços,
over and over and over again.Dizem que eu sou doentio. Mas o amor me causa dependência, ele atinge todo o meu organismo, as vezes me torna invencível e outras vezes sou extremamente impulsivo. Eu posso estar enlouquecendo, me tornando dependente e até mesmo sendo covarde.
Mas minha vida não vem em prosa e esse eu-lírico, agora, chora. Esse herói sangra sozinho. E ele se importa demais para desistir. Eu conheço o seu coração,
sweetheart.E você não desistiria de me ajudar. Mas eu não posso deixá-lo sentir-se inútil, porque a culpa não é sua.
Eu que não fui capaz.
Até amanhã então, eu te recrio se necessário. Vou sentir saudades. Boa noite. Eu te amo. Outro pra você... Adeus!
_______________________________________
("Minha vida não vem em prosa e esse eu-lírico chora"
- Alberto Jennings).
_______________________________________
("Aceito o teu defeito de esquecer que gosta de mim"
- Canto dos Malditas na Terra do Nunca).