quinta-feira, 28 de abril de 2011

Marginal.

E nunca consigo alcançar o centro, a roda de pessoas se aumenta sempre, todos atados, sem tocar as mãos. Quem fica de fora, não consegue se conter. Sente-se obrigado a participar, também quer olhar. Mas o centro permanece vazio, estamos preservando um buraco. (O buraco, será?) Olhamos para o nosso lado, a frente, e não importa onde estejamos podemos ver todo o circulo, porque nessa posição estamos todos expostos. É pessoal e também não é.
Eu sei lá, não sei de fato o que isso significa. Pra mim? A palavra se transforma e eu a continuo usando porque me remete a algúem. Eu sei, vão dizer, vão me levar a mal. Eu realmente não sei, e assumo, que não uso essa palavra como todos os outros. Ela quis dizer algo, diferente do que minha boca sabe dizer, porque lembro de você. Sempre que digo, o gosto vem e escapa uma parte de você, que tive em mim e hoje sim. Ah, sim... hoje não tenho mais. Nem medo, nem controle, de dizer.

domingo, 17 de abril de 2011

Envelhecer.

Envelhecer, Fumaça e alguns riscos de tatuagem borrada.

O abstrato precisa ser deixado de lado, as mãos também cedem a vez, a voz que se faz necessaria. Pede pra ser ouvida, ou pelo menos arrancada da garganta. Então, no começo só fiquei. E foi criando vida durante a noite, enquanto eu não dormia. Quando dormi, parece que tornou-se externo. Sai de casa, fugindo ou tentando me encontrar com o motivo. E no fim, é sobre o que a gente já tinha conversado. É de: cansaço, invisibilidade, egoismo, amizades desequilibradas e solidão.

Talvez, seja necessário matar para renascer. É preciso que deixe-os para manter-se. Ainda muito abstrato? Adeus.

sábado, 16 de abril de 2011

O monge.

Entrei, dessa vez sozinho. A partir do segundo que ela virou as costas e seguiu, por uma noite, para longe. Eu senti que não importa muito onde e com quem mais estejamos, estarmos em lugares diferentes não funciona. Mesmo assim, precisava deixá-la ir e ela precisava me deixar ficar. Em acordo, seguimos nossas necessidades pessoais. Entrei, e forcei um pouco para chegar até o outro lado da quadra. Estava feliz de estar lá, na quadra, dentro da minha faculdade - minha, nossa - conversei com um casal. Um casal que eu gosto, e já via de longe há um tempo. E fiquei muito contente de conhecê-los, de fato. Os dois - tanto o menino dos cabelos mais bonitos de toda a faculdade, quanto a simpatissíssima namorada - me acolheram em meio aquela primeira visita que eu fazia. Aceitei alguns drinks e alguns tragos. Assim, pude unir o pensamento das voltas que minha cabeça obedecia. Fui atrás de um grande amigo. Ele, sem camisa, me olhou nos olhos. Aproximou-se e meu corpo inteiro sentiu a força imensa que aquela essência expunha. Então, estremeci. Ele se aproximou ainda mais, eu confessei: "Eu casaria com você", ele respondeu que também. Precisou tocar seus lábios macios nos meus, para que eu entendesse, de uma vez por todas, que eu não mais enxergar a quadra era porque não estavamos mais lá. Não estavamos em lugar algum. Nem o relógio podia nos contar, estavamos ali, olho no olho. E que olhos... os olhos profundos e sinceros que me sugavam de uma forma que eu estava feliz em fazer parte. Ele então decidiu que deveriamos conversar mais, longe. Me chamou e caminhou na frente. - Isso foi um pouco depois das maças e a fogueira ter sido acessa - sentamos. Meu coração pulsava, estava em paz. Uma paz que preenxia e ia crescendo, as palavras do jovem sábio. E repetia em cada fim de frase, 'entende?' A preocupação que eu compreendesse, o quanto era importante.
Então, assim eu me desfiz. Seu rosto aproximou-se sem que eu pudesse tirar os olhos do seu sorriso. Ele continua falando, agora de olho fechado e uma intensidade que me arrepiava. Ele quase tocava os lábios no meu rosto, ele disse: "Você acha que me impede. Você ser... você acha?". Então, encostou o seu rosto no meu, minha mão subiu a sua face, acariciando a barba e nos conectavamos e nos uniamos tornando apenas um. Aquele minuto onde eu não sabia onde seria a divisão, onde seria o meu fim e o começo dele, naquele instante em que ele era tudo o que eu queria. E eramos aquilo, e nada diferente daquela cena. Naquele recorte, eu entendi.

O mundo é nosso.