quarta-feira, 8 de abril de 2009

6/03

Parado na minha frente, o braço se erguia e levava o cigarro a boca. Brincando com a fumaça cinza. Olhou-me pensativo. Puxou o último trago e atirou o filtro longe, enquanto dizia: 'Vem'.
Caminhou em direção as escadas. Fiquei confuso, pensei ter ouvido errado, mas ele olhou pra trás, me esperando. Levantei-me, o segui. Descemos as escadas em silêncio. Todos sabiam porque estavamos ali. Desde o principío.
Sem mais degraus, o momento era propício. Venci o nervosismo e a insegurança . Ele me colocou na parede, gentilmente. Ignoramos todos os pensamentos e as vozes da rua. Agora, eu queria isso. Talvez, mais do que eu deveria. Isso me traria bem. Instantanêamente. Era um bom passatempo.

Ele fechou os olhos e me entreguei, momentanêamente. A lingua dele dançou na minha boca e me hipnotizou. Deixou, cuidadosamente, seu veneno amargo. Quanta covardia.

As coisas depois deixaram de ser tão carinhosas. E eu sabia mesmo o que eu estava fazendo. Jogando. Apostando...Minha alma. Sem arrependimentos. Sem mais palavras.
Virei-o, agora ele estava encostado na parede branca.

Nós estavamos dançando à dois. Uma canção composta por notas falsas e um ritmo mortal. Seguido de uma melódia antiga...Já usada antes. Talvez, até um plágio...Uma tentativa desesperada de resgatar um passado que não é nosso. Continuamos dançando, harmônicamente, dois passos à direita. Dois à esquerda.

Ao fim, em três últimos beijos. Rápidos. A última gota é extremamente necessária e imperdível.
Eu bebi do bico, dos lábios amaldiçoados. Eu me contradisse e comi a fruta proíbida.
As marcas e a contaminação não eram aparentes, mas sim eminentes. Não havia como alterar as consequências.
O gosto doce estava me alucinando...Eu queria mais.

Mas voltei pras escadas...
Pra saída.
Concentrei-me na realidade agora,
No veneno dentro de mim,
No tempo que eu tinha.

A hipocrisia me corrempeu. As mentiras e a traição estavam correndo no meu sangue. Desesperadamente. Meu coração gritava, mas estava seguro. A dor era planejada, dessa vez.
Mesmo assim, ainda insuportável. Mas foi tudo meramente calculado. Friamente, decidido.
Insencivelmente, real. Bom. Indiferente.

Um comentário:

Teco disse...

pornpregoo.blogspot.com

(L)