domingo, 29 de março de 2009

1º de Dezembro.

Eu não esperava pelo hoje. Pela sua existência. Pela sua forma concreta e dolorosa. Isso nunca esteve no meu calendário. Eu simplesmente não pensei que fosse possivel. É claro que todo fim é eminente. Querendo ou não eu nunca pude negar a ordem de acontecimentos...Se um dia teve um começo e e agora eu vivo isso. O fim um dia chegaria. Não que houvesse uma data. Um dia...Não que isso já tivesse passado na minha cabeça. Digo, o fim era um medo. Era algo que me rondova, que me matava a noite, mas como sempre parecia estar distante. Toda manhã eu encontrava o ar, e me vestia pra escola.
Só nunca pensei sobreviver um dia após o fim. Você encontra forças que nunca pensou ter. Quase igual as partes do seu corpo que morrem, aquelas que nunca houve vida antes. Quase igual ser magoado com o silêncio. Mas o espanto, anesteciou um pouco tudo. Talvez porque a ficha não parecia jamais ter sido inserida. Como algum dia ela poderia então cair?

Eu me questiono do futuro. O dia depois do fim. Eu me olho e digo 'Quem eu serei agora?'.
Talvez, eu deveria tentar um jogo. Qual seria o meu futuro, nisso?

Isso não fazia parte dos meus planos pro fim de semana. Nem havia tempo pra me reunir com os meus pedaços e entrar num consenso. Colar esses pequenos pedaços de mim, nunca pareceu-me real. Mas agora talvez eu consiga enxergar.
Agora que meus olhos fecharam-se para uma única realidade.

Fim de novembro pegou-me de surpresa. Eu nunca reparei que o mês teria apenas trinta dias.
Os melhores trinta dias que viveram minha vida. Tomaram meus textos, tomaram minha roupa e viveram em mim. Que beberam do meu uisque, fumaram do meu cigarro e respiraram o meu ar. Os trinta dias que me escreveram em contos, me marcaram.
Tiraram-me de uma realidade patética e deprimente. Roubaram meu drama e me atiraram num filme americano. Sobre romances eternos e amizades puras. Me mostraram a vida e o preço que se paga por vivê-la. Alguns preferem viver a vida outro só querem estar vivos. Eu aceitei o que me ofereceram e fiz meu palco. Montei o meu drama pessoal e me joguei no chão. Chorei.
Isso chama-se vida. Não dor. A dor só faz parte. Sozinha, ela não parece muito válida. Não parece uma consequência, não parece uma troca justa. Mas talvez haja primavera outrora.
Quando as flores cairem, a chuva sair dos meus olhos e eu me tornar outra pessoa. Talvez, seja o momento que as coisas renasçam em mim.

Talvez haja um tempo pra nós,
Um dia as coisas me peguem de surpresa,
A sorte me pega pela mão e afasta essa saudade. Me leva embora desse platonismo e me tranca num quarto contigo. Me obriga ser amado. Me força a sorrir e não há como fugir.
Mesmo que eu quisesse, seria obrigado a te dizer novamente o que eu poderia tatuar em mim.
E você conhece essas palavras, você conhecesse essa expressão...Tanto falada, mas inifinitamente sentida.

Hoje faz um dia, apenas, que você me despedaçou. Digo, que eu caí sozinho.
Que eu caí da nuvem, lá de cima...Bem do alto.
Hoje faz apenas um dia, que durou uma eternidade.
Hoje faz frio. Doí. Mesmo assim, não sinto nada. Nem saudades. Nem medo.
Eu simplesmente não sinto. Não sinto.

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