Hoje foi a primeira vez que eu realmente fui e vi os camaradas com quem eu construo um novo mundo. Retomamos nossos sonhos através da dor que nos une. Que lamentável a vida se tornou. Mas restaram nós, a resistência que construirá o novo mundo. Os rostos cheios d’gua mostraram materialmente que não enlouquecemos. Só tem como existir, militando. Não haverão saídas, nem estratégia correta descolada de nossa humanidade.
Choremos, pois assim mostramos
a contradição. Choremos, pelos trinta anos de restauração que roubaram de nós
nossas vidas. Pois assim nos tornamos – como nunca – abertos a revolucionar
nossa espécie humana.
Como nos constrangemos a dor,
que é no fim, o que nos une? Perder Camilinha é ver que é impossível viver,
como vivemos. Sentimos o luto de todas as perdas e todas as pressões. Não somos
imunes, apesar do partido. Hoje, viramos o espelho que só nos permitia
vermo-nos, individualmente, e fizemos ver um no outro. Nunca fomos tão
camaradas, nunca fomos tão vivos, tão humanos. Humanizamo-nos para não
aliernarmos nossa luta.
Somei, por cinco horas, o que construí nesse meu corpo com as demais sensibilidades que ali se manifestavam. Ainda que algumas, por silêncio. E nelas, me reconheci. Não estava mais só, estava com a minha classe. Mesmo que não fisicamente com todos, estavam ali, representados por aqueles que se proporão uma nova forma de se viver .
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