Quando discutimos as relações tentamos separar as sexuais das demais relações que nos penetram tanto mais do que as relações sexuais que não precisam de qualquer penetração para existir, basta o toque. Não sei desde quando, até porque não me lembro um dia em que não tentei entender meu corpo e minha sexualidade. Foram sem dúvidas, as condições objetivas que me fizeram trotskysta e militante revolucionário. Se as relações amorosas são aquelas que se tem amor, não podem ser descritas apenas para relações a dois, o namoro monogamico que individualiza dois de uma só vez. É nessa ilusão que os solteiros - porque há nome dado a nós também, e dizer nós, parece pra muitos uma vergonha - não tem com quem se relacionar, eu me coloco (ou deveria, ao menos).
Pensamos nós em uma política independente para a nossa própria sexualidade e nossas relações afetivas? Somos individuos e não podemos abandonar nossas especificidades e nossas necessidades individuais por qualquer outro individuo, não pertencemos a ninguém, nem nosso corpo (pênis, vagina, cerebro ou coração). Pertencemos únicamente a nossa época e as nossas atitudes, que as minhas estão entregues a revolução; E não é um discurso vazio de uma revolução abstrata, que tende a ser boa, mas uma mudança radical da sociedade que consiga a emancipar a humanidade de toda a opressão que nos faz tornar e nos tornarmos meros objetos.
A maioria das minhas relações sexuais são impulsionadas pela miséria sexual objetiva de meus parceiros e a minha. Sou ali uma valvula de escape para a vida omitida de tantos homens e no entanto, procuro quase sempre aqueles que não se atrem por mim, porque meu tesão foi construido como de uma mulher. Sou heteronormatizado da cabeça aos pés. Mas isso não é a resposta para minhas roupas e esmaltes, batons e tantas outras tintas coloridas que utilizo. Meu genero e minha sexualidade, apesar de unificados pelo capitalismo, são extremamente separadas. Pena eu não ter autonomia e liberdade para escolher por mim, sem influência da repressão e dos valores cristãos que a sociedade capitalista me bombardeia.
Sou mulher, de tantas formas, mas não biologica. Sou homem por outras, mas torne-se embaçado quando tento entender o quanto tem de querer ser e querer compartilhar com alguém. Por isso, me é certo que construiram minha sexualidade, porque eu não a escolhi. Porque jamais recusaria compartilhar minha vida com alguém pelo seu gênero, pela sua biologia.
Meu sexo é vergonhoso. É desesperado. É asfixiado.
Por mais que eu tente me recompor, eu não consigo me indentificar como individuo pleno. Sou arremeçado a cada golpe de desinteresse que meu corpo traz aos heterossexuais que se posicionam assim de nascença. Ao padrão que eu não sou e mesmo assim, como Virginia ouvia e depois escrevia, as vozes dizem que é bonito. Essas vozes - sociais - que nos deixam ezquisofrenicos e nos causam mortes, tantas mortes quanto as políticas quanto as físicas. Perdemos a cada dia tanto mais, por não sermos capazes de dizer.
- Estou em crise.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário