terça-feira, 3 de abril de 2012

Miséria Sexual

A minha miseria sexual faz com que o meu desejo sexual seja feito só de desespero. Enquanto todos dormem, depois de um longa noite de diversos liquidos alcoolicos, talvez os corpos possam avançar. Talvez este camarada encoste no meu corpo. É exatamente o que eu penso, é exatamente nessa perspectiva que vivemos, dentro do capitalismo. Buscando uma oportunidade - mesmo que sem vontade - que consiga nos satisfazer. E ela não acontece.

A minha miséria sexual é causada e recriminada pelos mesmos. Minha miseria sexual é causada por ser contestadora. Eu quero e luto pelo direito ao meu gozo e ao meu corpo! Não tratase de amor, eu amo de todas as formas e generos. Mas o tesão, este foi construido com bases tão solidas que não vejo capacidade de descontruí-lo, até mesmo, porque não acredito em mudanças e avanços plenos dentro do capitalismo. Somos a máxima contradição, de proposito. Queremos expor, queremos escancarar as contradições e a farsa que é a ideologia burguesa.

Tenho um companheiro que adoro, mas ao mesmo tempo não existe nada mais desesperador do que encontrá-lo. É notavel a sua ansiedade e sua procura em me ver. Porque comigo, sabes que é pode acalmar sua miseria. Me utiliza assim como o utilizo, porque sofro da mesma repressão. É exatamente dentro disso que se vê como única oportunidade de estabelecer uma relação profunda dentro de um namoro independente da forma que este relacionamento é construido, independente dos papeis atribuidos. Independente da possibilidade do avanço entre estes que se submetem a tudo, pra não se sentirem mais solitarios.

Ser homossexual não significa ser revolucionario. Nem mesmo ser de esquerda, progressista ou ativista. Mas significa ser oprimido. Significa ter uma miseria sexual, principalmente nas fileiras da classe trabalhadora, onde vive o sentimento mais conservador e atrasado, criado justamente pela burguesia para dividir ainda mais os trabalhadores. Essa deseducação continua ao nossos trabalhadores é fruto dessa restauração burguesa que finalmente a crise veio para questionar. Que paz social é essa que assassina negros, mulheres e homossexuais todos os dias? Que paz é essa mediante a toda exploração diaria dos empregos terceirizados? Que país potência pode ser esse, às custas de haitianos e operários brasileiros sob a ordem para o progresso de uma burguesia capenga?

Vivemos em tempos de crises, guerras e revoluções. E é necessario que os oprimidos dispertem atraves de uma estratégia revolucionária capaz de emancipar a humanidade de conjunto. É preciso que as discussões LGBTTs que não tem patria ou qualquer lugar de origem, sejam encarados pelos seus próprios militantes LGBTTs para que se inicie um movimento com tradição de Stone Wall. Ligado diretamente aos trabalhadores, porque estes são os protagonistas da revolução. E são, não por um fetichismo na classe operária ou simplesmente porque foi há 95 anos. Mas sim, porque estes estão localizados nos principais postos onde se gera além da economia, os mantimentos e os mecanismos para a sobrevivencia deste sistema capitalista.

Quinta-feira, eu me senti confortável em construir meu gênero, no mesmo sentido, descontrui meu prestigismo e me vesti como realmente quis. Saí de casa com um vestido preto, uma melissa e um laço vermelho na cintura. Andar na rua, tomar o onibus, passar pela catraca, chegar na universidade, entrar na sala de aula, fumar um cigarro no intervalo, foram todas atitudes pensadas. Usar o banheiro foi praticamente uma guerra. Ao menos, tinha alunos ao meu lado. A própria segurança feminina sorriu em solidariedade, enquanto os seguranças-homens mantinham a sua homofobia camuflada pelas "obrigações de sua função".
Tive tremedeira, tive crise, tive um dia mais próximo de uma realidade distante. Distante pra nossa organização, distante da universidade, distante do meu trabalho (ou a maioria dos trabalhos que já tive). É sem dúvida, distinto viver a opressão de existir. É palpavel e depressivo a sensação. Me aproximou mais do que é ser mulher, me aproximou mais de algumas relações que se mostraram inteiramente respeitaveis. E também fortaleceu minha moral. Sou travesti. Sou homossexual. Sou mulher. Sou a contradição viva que se coloca a tarefa de enterrar o capitalismo, seu conservadorismo e a classe dominante que luta para manté-lo. Lutemos por um movimento LGBTT anti-capitalista, anti-imperialista, anti-policia. Lutemos por um movimento LGBTT a serviço dos trabalhadores e da emancipação humana. Lutemos por um movimento ligado ao marxismo com predominância estratégica. Porque somente isso é capaz de responder os desafios que a crise mundial coloca como tarefa à juventude, ao partido revolucionário e aos trabalhadores.

AVANTE,
Ces.

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