terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Infinito.

Escorreguei pela parede. Centimentro por centimetro, até sentir o chão gelado e sem vida tocando-me de volta. Devia ser o fim, porque doeu tanto que eu pensei que meu coração fosse parar de bater. Eu tive que despertar meus pulmões e lembrar-me de respirar. E de novo e de novo e de novo. Mas eu não sabia por quanto tempo seria capaz de fazer isso, eu não sabia por quanto tempo eu ia querer permanecer vivo. E eu sabia que tempo era a única coisa que não me importava agora. O silêncio não me amedontrou. Nem se quer teve a chance de me confidenciar algum segredo. Eu não estava confiante, muito menos corajoso. Mas não teria mais medo, de nada.

Olhei fixamente minhas opções. Pensei em abandonar a sala, correndo. Mas a chance de escorregar no meu sangue, era muito maior do que qualquer chance de sair dali vivo.
Meu pescoço estava quente. Dizem mesmo que vermelho é calor. E logo eu estaria frio. Era de novo só questão de tempo. Até que toda essa cor esvaize do meu corpo e me tirasse o ar.

O infinito do segundo me prendeu. Era quase calmo. Percebi que gritar agora não seria útil. E eu pensei que seria muito mais revoltante morrer. Eu pensei que seria muito mais revoltante estar destinado ao fim. Saber isso devia ser cruel. Meus olhos estavam prontos pra se fecharem. Eu estava pronto pra sumir. Mas eu ouvi a voz de casa. E assim eu soube que estava delirando. Meus olhos fecharam-se. E eu me entreguei a última sensação. Eu entreguei meus últimos segundos á minha doce alucinação. Era um anjo, quase puro. Se não houvesse se sujado com o meu sangue. Se não fosse a razão de eu estar desesperado.
Ele olhou pra mim, e sua beleza quase queimou meus olhos. Seu sorriso era meu pecado. E eu sabia que eu estava punindo meus erros. Era o acerto de contas. E ele pareceu me perdoar dizendo apenas 'Descanse em paz'.

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