domingo, 14 de dezembro de 2008

Descubro então, nada restou.

Antes eu tinha meus proprios pés que andavam conforme meu humor. Que me levava para os lugares calmos e agitados, conforme o tempo. E me trazia pra casa, todas as noites.
Hoje eu já perdi todos os meus sentidos e estou trancado, com medo. Eu não me lembro de como é caminhar sozinho. E dói tanto fazer isso sem você. Eu não quero conseguir, porque ao falhar eu mostro como você me fez ser quem sou. Eu não sou mais meu. Eu sou a mistura de nós dois, e agora que você se foi. Oh, eu acharia um jeito de te trazer de volta. Mas você nunca quis ficar, e você não voltaria nunca. E eu não sei ser apenas eu. Eu não sei mesmo ficar sozinho. E não tenho medo de ficar solitário e nem do escuro em si, mas eu tenho medo disso não passar. E de me acustumar. Eu não quero que isso vire um hábito. E ao olhar pro céu. Oh, todas as coisas bunitas me fazem querer chorar. Porque tudo tem sido tão belo e eu não posso comentar contigo. E eu estou morrendo, estou me corroendo por ser tão dependente. Eu não quero nem um pouco te sufocar e te aterrorizar, eu não quero roubar seu ar ou seu espaço. Só me deixe ficar por perto. Só me deixe estar ao seu lado. Se eu precisar morrer pra me tornar um fantasma e poder ficar ao seu lado. Eu puxo o gatilho, agora. Sem medo.
Eu puxaria o gatilho várias e várias vezes.
Eu diria adeus para todos os meus livros.
Eu diria adeus para todos os meus vicios.
Eu puxaria o gatilho apenas uma vez.
E então, encontraria o silêncio.

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