terça-feira, 29 de junho de 2010

Pride

O silêncio não mais me atormenta, porque eu quase nunca estou só completamente. Os meus pensamentos falam mais alto do que os carros na rua em época de Copa do mundo. Eu revi muitos segundos - os últimos que ele teve - e fiquei á pensar. “Não que eu os ame menos, mas nossos filhos, querida, foram o resultado do nosso grande amor. E até o fim ficamos juntos, ah, o meu fim. Me doi tanto te deixar quanto me doi ficar aqui e te fazer tanto mal”. A porta se abriu e eu não tive uma respiração, tarde demais. A enfermeira não correu, os médicos não se apressaram. O último andar era feito pra isso. Esses últimos dias, últimos minutos. Esse um ano que lhe transformara em barata e o mantivera em cativeiro cercado de tanta censura e tanta dor. Ele esperou sua esposa, e quando sentiu-se tão feliz quanto poderia ser um homem, fechou os olhos e entregou-se ao descanso.

Sete e vinte. Dia quatro de Junho de dois mil e dez.

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