domingo, 23 de maio de 2010

Pra cada livro, há um analfabeto.

É como se o amor se tornasse real hoje após tanto se falar dele. E se pudesse preservá-lo, talvez nunca mais arriscá-lo, seria deixando de existir hoje. Deixando apenas o lado mágico restar. Assim sobrar em nossas memórias, em nossas perspectivas.
Pra cada amor existe uma pessoa cansada demais pra amar. E cada poeta novo que nasce, há uma legião de pessoas que não se importam em entender. Menos do que não conseguirem, fazem questão de manterem-se, como já a condicionaram, a nunca saber.
Hoje, eu vi que realmente o mundo está errado. Não era minha cabeça, não era minhas conspirações. Tem muita além de nós. E nunca pude conversar tanto e sentir tão certo quando Ele, acreditando agora pela primeira vez na existência de Deus já que só uma força maior ou talvez com nome diferente mas mesmo sentido tenha sido o acaso/destino/sorte, pra Ele ter surgido assim, inesperadamente.

A bicleta estacionada bem ao seu lado, não me chamou atenção. E a maquina fotográfica apontada pra parede bem à minha frente, não me ajudou a entendê-lo tão bem. - Você poderia tirar uma foto nossa? - Eu nao esperava pela minha amiga agir assim. Me senti envergonhado, sem sentido, mas fiquei mais acolhido quando vi um sorriso e um sim do gentil rapaz que nos assistia. Clicou a foto e logo depois clicou de novo com um flash. Sentiu-se frustrado pela qualidade e tentou outra vez, tendo um resultado ainda melhor.
Descobrimos então que fotografava seu próprio trabalho, que vinha de muitas ideias e mais do que isso, mas sabedoria e interesse em se envolver em coisas menos individualistas. Debatemos história e todo o sistema que nos torna quem somos, ou pelo menos, tenta nos moldar a medida que nos curvamos as suas ordens.Eramos estranhos conhecidos que queriam mesmo se conhecer. A compania foi a mais agradavél da noite toda. E o convite de um vinho, após nos ensinar seu truque secreto de comprar mais barato, foi o necessário pra caminharmos e nos sentirmos em casa.

Em meia a tanta verdade e tanta cultura, descobrimos o seu nome (o que não vale citar pra que a arte se torne, ao meu ver, mais fácil de se adequar aos momentos cotidianos, afinal hoje foi um domingo, o que geralmente são domingos calmos e sem muito barulho, que passariam rápidos demais, sem se tornarem memoráveis). Também pudemos encontrar um certo humor e carinho dentro há tantas palavras trocadas. Escolheu um vinho, pelo preço e qualidade. Era italiano e com um cheiro que causaria uma leveza sem igual. O sabor ainda melhor. E a conversa se extenderia por dias, se não fossem as obrigações que tanto nos matavam. Estavamos já no caminho de casa e eu não queria mais incomodá-los, pois o amor surgia nos meus olhos. E o jeito que ele crescia me mostrava os dentes e estava realmente feliz porque era como se fossem feitos, de um jeito até american way of life but true, um pro outro.
Chegamos perto demais de casa, onde Ele não poderia se aproximar. O motivo que lhe ainda fazia criança e lhe dava obrigações estava a espera da garota. Se aproximar mediante a isso poderia causar mais problemas, então despediu-se. E foi sincero em um abraço e um beijo, sem malicia até coberto de fraternidade, que recebi. Me afastei, agora era a chance deles se olhassem. E assim dizerem 'Boa noite'. Dizeram. E os olhos se fecharam junto com todo o resto do mundo, o qual eu pertencia, e se fizeram ali dois. Os dois únicos seres do mundo. Os únicos que respiravam e sentiam verdade.



- Repete pra mim. "Hoje quando a noite..."
Pra cada doce existe um amargo pra te mostrar. O quão doce pode-se ser. O quão amor pode se dar. Valeu a pena cada passo dado que marcou a calçada e marcou nosso sapato. Valeu a pena cada gole e cada cigarro que não largamos. E por fim, foi um prazer.

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