terça-feira, 29 de junho de 2010

Presunção.

Você me fez acreditar em diferentes verdades que sua boca escolhia como forma de se auto-proteger. E achando que sabia o que me faria feliz, tentou me dar um novo mundo o qual nunca existiu fora de casa. Assuma agora minha dor, porque você quem me tornou frágil assim. Se ao menos eu soubesse o que é dor, poderia ter me acostumado ao longo dos anos. Se pelo menos eu soubesse o que é perder, eu poderia entender melhor o que é jamais ter outro abraço. Se ao menos, fosse menos perdas, menos problemas, menos pensamentos, eu poderia me completar.

Pride

O silêncio não mais me atormenta, porque eu quase nunca estou só completamente. Os meus pensamentos falam mais alto do que os carros na rua em época de Copa do mundo. Eu revi muitos segundos - os últimos que ele teve - e fiquei á pensar. “Não que eu os ame menos, mas nossos filhos, querida, foram o resultado do nosso grande amor. E até o fim ficamos juntos, ah, o meu fim. Me doi tanto te deixar quanto me doi ficar aqui e te fazer tanto mal”. A porta se abriu e eu não tive uma respiração, tarde demais. A enfermeira não correu, os médicos não se apressaram. O último andar era feito pra isso. Esses últimos dias, últimos minutos. Esse um ano que lhe transformara em barata e o mantivera em cativeiro cercado de tanta censura e tanta dor. Ele esperou sua esposa, e quando sentiu-se tão feliz quanto poderia ser um homem, fechou os olhos e entregou-se ao descanso.

Sete e vinte. Dia quatro de Junho de dois mil e dez.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Nunca saber.

Já acabou. O pesadelo todo e toda a chuva fina que impedia você de sair. O que te aguarda ninguém sabe. Suas pernas te levarão pra onde você quiser ir, ande. Leve contigo a dor porque ela te fez maior. Mas agora vá, sem demora. Encontre a sorte e se ela pude responder, descubra o quanto você tem sem saber. O quanto ensina sem saber. O quanto.

Eu finalmente disse. Morreu. Ainda sinto enjoou forte e muita dor no corpo. As vezes meu peito arde e me sinto caindo sozinho. Falar mais? As palavras já se conhecem e se repetem..é uma fase de clichês.

Esse um ano congelou e agora não acompanho mais nada. Perdi o ritmo e uma semana passada já roubou meu lar. Minha sanidade. Voltemos. Não importa como doa, sempre voltamos. Lembramos. Desde que não viva nessa lembrança, deve sentí-la. Os passos de hoje marcam a calçada e o mesmo sapato que calça. Olhar pra trás, um dia, será capaz de te lembrar uma vida. Mas quantas delas passaram por você depende de quantas ruas percorrer. De quantos bairros entrar. De quanto suas pernas conseguirem andar.

Então, se tiver a sorte de conhecer alguém que te faça querer seguir. Agradeça. E siga-a. Porque há caminhos que só os melhores amigos podem te levar. Onde há esperança; Onde houve amor; Onde há espaço pra se construir sonhos e algum eu-lirico.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Esta se tornando uma dor de uma semana. Talvez pendure por mais um mês, ninguém sabe quanto tempo isso dura. E quando se deve intervir. Mas eu realmente queria me entregar a ela, mesmo sabendo que os dias continuam a vir. E não vamos voltar mais pra onde paramos. Aquilo parou e ali descansou. Assim como meu heroi descansou, depois de tanta dor. Queria mesmo aceitar já que ouvi todo dia sobre como ele estava indo pouco a pouco. Seja pra onde ele foi, eu sinto falta. Aprendi a sentir vontade de tê-lo perto. Queria agora voltar acreditar numa melhora. Todas as coisas que ficaram, todos os discos, as roupas, a saudade que restou. Cada ligação perdida, sem mais conseguir chegar até ele. Há tantos que nem sabem ainda. E já passou uma semana, já acordei e fui dormi. Pintaram meu quarto, trocaram meus vicios e deixaram a janela aberta pra secar a minha dor. Tudo passou.

Tão cedo eu descobri que não saberia mais como escrever. Perdi o dom ou ainda pior a voz. Tanta coisa presa que não sabe como sair, não desconhece os caminhos, mas não encontra sentido. Será mesmo verdade? Esse pesadelo está durando demais. Está começando a me cansar. E voltar aos meus costumes tão detestáveis me enlouquece. Outro dia sem sentido. Onde vamos assim?


A auto-pena começa a se instalar, come na mesma mesa de quatro cadeiras. Agora só tem três moradores. E esse espaço vago, que era o mais usado, me soa mal. E do meu lado da cama tem mais pensamentos do que meu travesseiro pode tampar. Queria ser homem de aguentar. Mas as segunda-feiras estão começando a se multiplicar e esse meu medo de me tornar menos eu mesmo. Espero que o tempo mantenha-me preso nesses ventos que me impedem de desistir. Eu quero continuar na mesma linha pra não ter de olhar pra tras e ver que já fui tanto mais. Eu quero me sentir inteiro e completar-me com minha compania.

Escrevo aqui os meus pesames. O meu 'sinto muito'. Porque sinto. Sinto incondicionalmente. Sinto em cada passo, em cada calçada, em cada rima. Eu fecho os olhos e apago. Me desligo pra não rever. Eu sinto um ano inteiro. Sinto uma fisgada. Sinto. Não digo, não abraço, não choro. Sinto.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Antigos sapatos.

Que marcam a mesma calçada.

domingo, 23 de maio de 2010

O gosto de ter amigos.

Ela disse, já de cachicol vestido, o quanto estava completa em estar ali. E o jeito que ela me olhava me inspirava acreditar em mim mesmo. Me dava coragem pra continuar. Ela pegou as minhas palavras antigas e deu-as chance de serem novamente ouvidas e assim retomaram seu valor. O seu gosto inicial. Eu não quero me individualizar, eu quero ser apenas parte de todo o progresso. Quero ser um dos que ajudam, quem dera pudesse dizer apenas mais um dos que ajudam.

O bom gosto de ter amigos é o auge da felicidade. Porque acima da dor e acima do amor, estão as pessoas que fazem parte de quem você é. De quem você se torna a cada dia. Não sei se eu fumo ou parei. Não ligo. Não ligo mais em por nome em cada dia e em cada ato meu. Que me faça real e me abra os olhos. Sempre há como crescer.

É assustador descobrir fora de casa a vida inteira que se perdeu. A essência que meus pais não tem. Os meus criadores nunca viram o que eu aguento. O que eu gostaria, até por covardia, de as vezes não pensar. É sufocante acordar e enxergar toda essa realidade que me foi imposta como um filme de uma forma não pálpável e ver que quem dorme na minha calçada é mais real do que todos meus sonhos que ainda estão sem chão.

Enquanto falo, ainda há vítimas. O que talvez devesse ser comédia pela imprevissão, vítima e contexto, é um dilema insuportável. Não haverá paz, enquanto continuarmos a devorar e explorar outras especies. Onde está a igualdade? Onde está a liberdade? Não haverá nenhum homem livre, enquanto houver um oprimido.

Se o mesmo chão que marca o asfalto marca meus sapatos, não há como negar. Nada pendura, se não a mudança. Se não a insatisfação e a busca de um mundo melhor.

Pra cada livro, há um analfabeto.

É como se o amor se tornasse real hoje após tanto se falar dele. E se pudesse preservá-lo, talvez nunca mais arriscá-lo, seria deixando de existir hoje. Deixando apenas o lado mágico restar. Assim sobrar em nossas memórias, em nossas perspectivas.
Pra cada amor existe uma pessoa cansada demais pra amar. E cada poeta novo que nasce, há uma legião de pessoas que não se importam em entender. Menos do que não conseguirem, fazem questão de manterem-se, como já a condicionaram, a nunca saber.
Hoje, eu vi que realmente o mundo está errado. Não era minha cabeça, não era minhas conspirações. Tem muita além de nós. E nunca pude conversar tanto e sentir tão certo quando Ele, acreditando agora pela primeira vez na existência de Deus já que só uma força maior ou talvez com nome diferente mas mesmo sentido tenha sido o acaso/destino/sorte, pra Ele ter surgido assim, inesperadamente.

A bicleta estacionada bem ao seu lado, não me chamou atenção. E a maquina fotográfica apontada pra parede bem à minha frente, não me ajudou a entendê-lo tão bem. - Você poderia tirar uma foto nossa? - Eu nao esperava pela minha amiga agir assim. Me senti envergonhado, sem sentido, mas fiquei mais acolhido quando vi um sorriso e um sim do gentil rapaz que nos assistia. Clicou a foto e logo depois clicou de novo com um flash. Sentiu-se frustrado pela qualidade e tentou outra vez, tendo um resultado ainda melhor.
Descobrimos então que fotografava seu próprio trabalho, que vinha de muitas ideias e mais do que isso, mas sabedoria e interesse em se envolver em coisas menos individualistas. Debatemos história e todo o sistema que nos torna quem somos, ou pelo menos, tenta nos moldar a medida que nos curvamos as suas ordens.Eramos estranhos conhecidos que queriam mesmo se conhecer. A compania foi a mais agradavél da noite toda. E o convite de um vinho, após nos ensinar seu truque secreto de comprar mais barato, foi o necessário pra caminharmos e nos sentirmos em casa.

Em meia a tanta verdade e tanta cultura, descobrimos o seu nome (o que não vale citar pra que a arte se torne, ao meu ver, mais fácil de se adequar aos momentos cotidianos, afinal hoje foi um domingo, o que geralmente são domingos calmos e sem muito barulho, que passariam rápidos demais, sem se tornarem memoráveis). Também pudemos encontrar um certo humor e carinho dentro há tantas palavras trocadas. Escolheu um vinho, pelo preço e qualidade. Era italiano e com um cheiro que causaria uma leveza sem igual. O sabor ainda melhor. E a conversa se extenderia por dias, se não fossem as obrigações que tanto nos matavam. Estavamos já no caminho de casa e eu não queria mais incomodá-los, pois o amor surgia nos meus olhos. E o jeito que ele crescia me mostrava os dentes e estava realmente feliz porque era como se fossem feitos, de um jeito até american way of life but true, um pro outro.
Chegamos perto demais de casa, onde Ele não poderia se aproximar. O motivo que lhe ainda fazia criança e lhe dava obrigações estava a espera da garota. Se aproximar mediante a isso poderia causar mais problemas, então despediu-se. E foi sincero em um abraço e um beijo, sem malicia até coberto de fraternidade, que recebi. Me afastei, agora era a chance deles se olhassem. E assim dizerem 'Boa noite'. Dizeram. E os olhos se fecharam junto com todo o resto do mundo, o qual eu pertencia, e se fizeram ali dois. Os dois únicos seres do mundo. Os únicos que respiravam e sentiam verdade.



- Repete pra mim. "Hoje quando a noite..."
Pra cada doce existe um amargo pra te mostrar. O quão doce pode-se ser. O quão amor pode se dar. Valeu a pena cada passo dado que marcou a calçada e marcou nosso sapato. Valeu a pena cada gole e cada cigarro que não largamos. E por fim, foi um prazer.