quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ela disse.

Era em meio de Junho, ou Julho - igual o do livro - e era um dia comum. Como todos os dias, estava vivo - e permanecer vivo era um custume que não se permetia lembrar do seu começo - levantou-se as seis e meia (ou será que já passava das seis e trinta e três?) e manteve-se inerte mentalmente, acordou apenas depois da uma e meia. Saiu do trabalho com a costela ardendo - a tinta secou, mas provocava uma certa coceira de saudade, um medo de um dia tornarse a ser não mais uma representação, mas em si o amor - e se isso fosse não o começo, mas a felicidade?

Todos os dias são comuns. Sem dúvida, são. Ora, se eles não começam e terminam da mesma maneira? Todos iniciam-se da maneira mais rápida e inesperada e terminam com uma xícara de café bem escuro e uma TV ainda ligada. Ao menos, todas as noites são assim aqui dentro. E Orlando e até mesmo a senhora Dalloway decidiram passar as noites por aqui. Lendo-me como livro, sem intromessões e influênciar - e tão nitido de verdade, de detalhes, "rico de silêncios".

Ai de mim, então se não me explicar aqui. Era de tarde - ou pelo menos assim, sentia-se numa - e alguma parte de mim reflitada ali não sabia mais porque estava ali. Desejei ser um livro, melhor ainda, um leitor. Apenas isso, se pudesse me alimentar de letras - jamais mastigar - e pudesse ver além dos rostos, poder admirar e me aproximar sem mudar a posição ou a próxima ação expontânea. Se pudesse fixar-me sem pressionar ou ainda intimidar meu livro - todos os seres humanos, animais, vegetais, ficticios; todos;

Ele disse. - Ou seria Ela? - 'Eu vou comprar as rosas eu mesmo' - ou seria 'Eu prefiro as pessoas á Couve-Flores'. Não tenho certeza. Só me lembro que estava frio. Foi sincero. E numa manhã comum - porque todos os dias são comuns - ele tornou-se flor.

sábado, 31 de julho de 2010

O mesmo por aqui.

Muita dor, pouca vontade, metade de certezas e alguns goles de verdades. Só o que podemos aguentar. É o que temos pra hoje. Mesmo.

Born Woman

Born Woman.

Como te contei - quase toda noite fazia questão de contar - hoje foi díficil. Não ouvi sua voz nas últimas 24 horas. E precisamos encarar os fatos - quebrando as barreiras com a única pessoa que me permite ser nada menos. O limite entre todos nós fica riscado com uma caneta bem fraca pra nunca precisarmos assumi-lo, mas sabemos que quando um de nós se tornar um peso, o outro tem de seguir. Somos insubstituíveis, eu sei. Mas não somos eternos e muito menos desnecessários. Você já nasceu pronta antes de me conhecer. Se fez ainda maior e me ensinou a persistir. Eu não sou feito de medalhas, nem de corações. Eu tenho apenas dúvidas a oferecer, nunca respostas.

Nós juntos escolhemos o extremo, nunca pouco, nunca metade. Eu casaria e dormiria todas as noites - sem pensar ou desejar outra pessoa - feliz. Na mesma cama, com o mesmo respeito e os mesmos olhos. Eu te amo, mais. E confio, mais. A cada dia, mais. A cada novo eu que sou, mais. E admiração, mais mais mais.

Mas querida, eu ainda não terminei. Eu ainda não comecei, na verdade. Eu não pude dizer nada porque não quis te ligar. Não, ah como eu quis. Quis a cada segundo que quase perdia a voz porque ninguém podia entendê-la. Mas evitei ligar.

Não insisto, mas torço, rezo e quase me entrego quando coço a garganta e afirmo o timbre pra perguntar se você poderia ficar um pouco mais. Mais uma conversa, mais um café, mais um minuto de quem sou aqui perto de mim. Se você se importa em ouvir ou simplesmente em falar algo mais sobre você. Esse cotidiano todo que eu quero ouvir. Essa paz toda que eu quero sentir. Esses medos todos que eu quero que se tornem meus, os fantasmas que eu quero lutar. Essa vida toda que eu quero somente fazer parte. No papel que você me oferecer. Mas se houver alguma fala que não seja ‘Adeus’.

Sábios.

Fora a bebida, não há nada errado aqui a não ser verdade. A que não se pode dizer em voz alta, nem pra si mesmo. Que os ignorantes dizem prefirir sem perceber o estrago. O gasto. O desconforto que vamos de frente. Aplaudiram-me logo que tentei remoer quem sou. O mais rápido que eu decidisse pra que todos pudessem voltar a sua distração, os goles de solidão e as carreirinhas tão brancas quanto o passado que inventaram. Nada me condiz, nem me convida á fazer parte. Talvez, não há mais caminhos pra dor. O amanhã não vai chegar, até voltarmos pra quem somos. Só essa tontura, essa queda. Aprenderemos a não errar, mas acertar seria contradição.

As palavras já não me acompanham mais. Nem minhas pernas sabem o que dizer, como correr, onde parar. Meus amigos só aparecem, pouco mais. Ou isso basta. O silêncio vem para todos, o descanso se encontra somento no fogo, em quem está queimando. Assistir - quando se tem consciência - nos torna cumplices.

Felicidade. Talvez seja, um pouco de cada dia que não volta e um pouco do novo se expandindo dentro de mim. Como uma faca abrindo meu peito e mostrando o drama todo que sou. A miséria de sentimentos ainda corajosos de sobreviver a esse inverno. É o misto da dor com a vontade de sentir ainda mais. O medo com o valor de passar por cima dos deveres. É um pouco de tudo. A felicidade nunca é, nunca vazia, nunca fica. - Fria - Talvez, não seja pra ficar. Talvez, não sinta vontade de nos acordar.

domingo, 18 de julho de 2010

Consolo.

Ameniza, mas não apaga. Sonhei hoje - num curto relampago de sono que tive - eu acendi outro cigarro e matava, de uma vez por todas, as barreiras. Acordei, ainda abraçado. Era um dos melhores abraços que dei e recebi (como dizem que abraço é um presente que é sempre reciproco). Lembrei-me então do que me contaram e senti um enjoou forte. Abracei-o mais forte. Tentei mantê-lo meu, por algumas horas. Ele - que começou e depois manteve-se pacifico - balanceou as pernas o que me fez pensar se não seria um daqueles abraços que se tenta recusar, sem magoar. Então pensei 'se deveria ir, porque não vou?' Se deveria sumir, porque não simplesmente sumo. Não fazer as malas, mas me disfazer e perder a forma, a cor, o timbre.

A vida que eu levei, quase me levou por onde eu luto pra fugir. Eu me arrependi muito agora que descobri o que fiz. Eu realmente não poderia ter feito isso, se tivesse qualquer parte de mim ali, qualquer essência, mas quem escolheu a loucura foi o medo. Meu medo. Aceito a covardia tão bem quanto aceito meus defeitos. Pra que assim possa vencê-los. Orgulho-me das palavras ditas e das verdades que não se escondem mais. Ao menos, eu fui quem sou, ali.
Eu queria ao menos me lembrar desse pequeno trecho, o único que me arrependo. Eu queria pelo menos entender como cheguei ali. Me consolo em encontrar linhas e mãos dadas.

Meu grande desespero em perder é atoa. Porque as mutações do mundo não atingem os que realmente se ofereceram em ficar. Amém.

sábado, 17 de julho de 2010

Until i walk in.

Encare. Olhe seu rosto ébrio no espelho e reflita o que faltou dizer. A desculpa já está exposta, diga em voz alta. Ele ainda é, nunca deixou de ser. Você já provou tantos outros sabores e tantos outro amores e tantos outros que não fizeram teu ouvido ensurdecer e contruiu um muro levando-te para longe.
Já não estás sensivel demais? Porque aflorar a dor e dramatizar, o palco foi desmontado. Eles não vão rir do seu nariz, é banal. Vai embora, com sua honra vendida. Cace o caminho de volta e renda-se ao sono pra amenizar então o que sentes.